Por Antonio Carlos Lua
A movimentação política para
o fechamento dos acordos para as convenções partidárias com vistas às eleições
de outubro não tem atraído a atenção dos eleitores, uma vez que todos sabem que
o bolo já está pronto e a receita é do conhecimento daqueles que acompanham o
jogo político.
Por mais que os discursos de
lideranças de grandes e pequenos partidos políticos tentem mostrar autonomia,
independência e orientação ideológica é no fechamento das coligações que se
refletem as mazelas políticas criticadas pelos compositores-cantores Zé
Ramalho (“Vida de Gado”), Zé Geraldo (“Constrói escola em que a filha não pode
estudar”) e o saudoso Cazuza (“As ideias não correspondem aos fatos”).
Como não sobrou nada dos
combativos vermelhos da década de 80, resta agora ao órfão eleitor observar as mesmices
das práticas eleitorais recorrentes de pleitos pretéritos, com os mesmos atores
protagonizando espetáculos voltados para o mal na busca insana de estratégias
ilícitas e dissimuladas que possam financiar suas aventuras no ramo da
politicagem.
Como disse Henry Ford
(1863-1947) “o político pode ter o carro que quiser desde que seja preto, com
tudo terminando na polarização de grupos para controlar 70% da classe política
detentora de mandatos nos poderes Legislativo e Executivo, nas esferas federal,
estadual e municipal”.
Têm também as cooptações, as
ameaças de isolamento político e – dependendo da cobrança do ingênuo eleitor –
os políticos recorrem a um “guru”, geralmente um metamórfósico camaleão com
fortuna meteórica, responsável pelo sucesso político-eleitoral de muitos ratos
de agremiações partidárias integrantes das maiores bancadas hoje existentes no Congresso,
quais sejam a do boi e da da bala, que convivem em perfeita harmonia
com a corrupção alarmante, que destrói a sociedade.
Não será surpresa o
fechamento de possíveis alianças heterogêneas unindo “água e óleo” no mesmo
frasco, repetindo-se os vícios da República Velha, com muitos se apropriando do
poder para perpetuar o atraso e ratear a máquina pública entre seus
representantes, colocando aliados nas posições decisórias e adotando a tese de
que é preciso mudar sem que nada mude.
As promessas feitas em cada
período eleitoral são as mesmas, sempre com a exposição de propostas de forma
genérica e sem conteúdo, afirmando supostos compromissos com uma “ponte para o
futuro”, para entreter os eleitores com pão e circo, lembrando a máxima popular
beradeira “farinha pouca meu pirão primeiro”.
É neste quadro de miséria e
ignorância que se fortalece o neoliberalismo orientado pelo estacionário
Estado brasileiro, com o poder pessoal abarcando o Poder Público, mostrando que, no Brasil, o passado nunca passa.
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