Por Antonio Carlos Lua
Sonho de ascensão profissional de muitos jovens e referência nacional no combate à corrupção e ao crime organizado e elite de uma categoria cada vez mais
imprescindível para a sociedade, a Polícia Federal possui um lado sombrio.
Nos últimos 11 anos foram registrados 51 casos de suicídio entre policiais federais. Somente nos últimos três anos, 20 membros da corporação usaram a arma de trabalho para tirar a própria vida.
Nos últimos 11 anos foram registrados 51 casos de suicídio entre policiais federais. Somente nos últimos três anos, 20 membros da corporação usaram a arma de trabalho para tirar a própria vida.
Esses dados, porém, estão
subestimados, uma vez que casos de suicídios ocorrem também em operações quando
os agentes 'buscam a bala' do inimigo. Na estatística, o registro de ocorrência indica ‘morte em ação’, mas se sabe que ali existiu um impulso suicida.
A Polícia Federal é o serviço público onde mais ocorrem suicídios.O cenário de pressão excessiva e ambiente de trabalho sem boas perspectivas de melhoria na atividade profissional é a principal causa dos suicídios na PF, que mesmo exigindo nível superior, não reestruturou a carreira, diante de atribuições complexas.
A Polícia Federal é o serviço público onde mais ocorrem suicídios.O cenário de pressão excessiva e ambiente de trabalho sem boas perspectivas de melhoria na atividade profissional é a principal causa dos suicídios na PF, que mesmo exigindo nível superior, não reestruturou a carreira, diante de atribuições complexas.
Pesquisa da Universidade de
Brasília (UnB) mostra que por trás do colete preto, do distintivo, dos óculos
escuros e da mística que transformou a PF no ícone de polícia de elite existe
um quatro grave e preocupante.
Depressão e síndrome do pânico
são doenças que atingem um em cada cinco dos 11.817 agentes da Polícia Federal,
que se submetem a um regime de trabalho militarizado, sem que tenham
treinamento militar para isso.
Relatos de entidades sindicais
representativas da categoria atribuem os suicídios a assédios morais e pressões
constantes por produtividade por parte de superiores hierárquicos.
Essas ocorrências – aliadas a
fatores genéticos, à formação de agentes, à falta de perspectivas profissionais
– são tratadas por especialistas como desencadeadoras dos distúrbios mentais,
geralmente invisíveis na estrutura da Polícia Federal.
Uma das causas seria também a
forma como a estrutura da PF está montada, causando sofrimento patológico em
agentes, havendo dificuldades para enfrentar a organização hierárquica do
trabalho, além de sentimentos de desgaste, inutilidade e falta de
reconhecimento.
Ainda que seja errado apontar
para responsabilidades individuais, a tragédia na Polícia Federal chegou a um
nível muito grande, o que cobra uma resposta de cada parcela do Estado
brasileiro que convive com esse drama.
Fruto de uma especial
combinação de fatores negativos – internos e externos – o suicídio nunca foi
uma tragédia de fácil explicação para a área médica nem para estudiosos da vida
social.
O sociólogo, antropólogo,
cientista político, psicólogo social e filósofo francês, Émile Durkheim
(1858-1917) demonstrou que o suicídio é a expressão mais grave de fracasso de
uma comunidade e que raramente pode ser explicado por uma razão única.
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