Antonio Carlos Lua
O Brasil não conseguiu ainda redesenhar a sua história e resolver os problemas sociais enraizados nos tempos da colonização, período em que o país vivia “num ambiente completamente fictício de uma civilização de empréstimo”, como chegou a dizer, em vida, o poeta, escritor e jornalista Euclides da Cunha, na resenha intitulada “História de uma longa e persistente desilusão”.
O Brasil não conseguiu ainda redesenhar a sua história e resolver os problemas sociais enraizados nos tempos da colonização, período em que o país vivia “num ambiente completamente fictício de uma civilização de empréstimo”, como chegou a dizer, em vida, o poeta, escritor e jornalista Euclides da Cunha, na resenha intitulada “História de uma longa e persistente desilusão”.
Publicada no final da primeira fase da República, denominada “República da Espada” (1889/1894) – período em que os militares Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto comandaram o país – a resenha de Euclides da Cunha constituiu-se num espantoso prenúncio das mazelas sociais e econômicas que vivemos hoje com a desconexão entre o Brasil profundo e a elite política neoliberal que conduz hoje os destinos do país.
A verdade é que o Brasil entrou em colapso. Nossa economia estagnou, asfixiada por regulações, tarifas e uma carga tributária elevadíssima, acompanhada do esbanjamento do dinheiro público por um Governo constantemente envolvido em escândalos de corrupção.
Os
políticos corruptos – que fecham os olhos frente à realidade e optam por viver
dentro de uma bolha, atribuindo, de forma perversa, o nosso atraso ao mundo
exterior – investem na despolitização da população com estratégias de
manutenção do poder dos grupos dominantes.
Esses
mesmos políticos reduzem nossa democracia a discursos conservadores,
retrógrados, repressores, extremistas, polarizados, tendo como componente o
ódio perpetuado em demasia nas redes sociais, na Internet, sem o mínimo de
reflexão sobre os problemas que afligem a sociedade.
O
Brasil não cresce, aumenta miséria. O descalabro do Estado estacionário
brasileiro potencializa as distorções sociais, fazendo com que grande parte da
nossa juventude permaneça pobre, desempregada, morrendo vítima da violência e
compondo a imensa maioria da população carcerária.
Os
investimentos na educação são, na prática, presentes de gregos para troianos.
No Nordeste brasileiro, 68% das crianças e adolescentes de até 17 anos vivem em
situação de extrema pobreza, determinante para a escolaridade, pois a faixa de
renda familiar influi na frequência escolar, com reflexos no nível de educação.
Apenas
13,9% dos jovens com até 24 anos estão na universidade. Na mesma faixa etária
apenas 36,8% possuem o Ensino Médio completo. Metade da população brasileira de
até 24 anos sequer possui o Ensino Médio completo, o que acarreta problemas de
sobrevivência, com decisiva influência na qualificação profissional e na
violência.
Dos
jovens entre 18 e 24 anos apenas 37,9% possuem 11 anos de estudos. Mais de um
milhão e trezentas mil crianças, entre 8 e 14 anos de idade – mesmo
matriculadas em escolas públicas – não sabem ler nem escrever.
Entre os brasileiros com
idade superior a 25 anos, mais de 52% possuem menos de oito anos de estudos e
sequer completaram o ensino fundamental. As dificuldades nos estudos se
refletem no emprego e na própria vida dos jovens, cuja maioria vive à margem da
sociedade e vagam pelo país imersos na marginalidade e nas drogas.
Quase três milhões de jovens não estudam, não trabalham e estão abandonados pelo Estado Brasileiro. O país possui mais de meio milhão de pessoas nas penitenciárias, das quais cerca de 80% são jovens de até 24 anos. A principal causa da morte de jovens é a violência.
Quase três milhões de jovens não estudam, não trabalham e estão abandonados pelo Estado Brasileiro. O país possui mais de meio milhão de pessoas nas penitenciárias, das quais cerca de 80% são jovens de até 24 anos. A principal causa da morte de jovens é a violência.