Antonio Carlos Lua
A
Constituição Federal brasileira chega aos 30 anos em um momento
crítico, com o Brasil vivendo uma crise institucional sem
precedentes. Sobram incertezas. Assim, torna-se inevitável a
pergunta diante da efeméride: a Carta Magna teve o mérito de manter
o regime democrático diante de todos os percalços?
Para
aqueles que, ao longo desses 30 anos, não cumpriram o seu dever no
Parlamento e se preocupam apenas em
atender agendas específicas para aumentar seus privilégios e lançar o país em novas
aventuras de desfecho imprevisível, visando romper com o pacto democrático, a resposta é não.
Mais
do que falhas dos parlamentares membros da Assembleia Constituinte ou
no texto aprovado por eles, em 1988, os maiores tropeços são de
legisladores que vieram depois e deveriam ter transformado em leis os
valores constitucionais que foram as maiores conquistas na elaboração
da Lei Suprema do país.
Antes
de qualquer diagnóstico impressionista, a Constituição Federal
deve, na verdade, é ser respeitada e cumprida de forma adequada. A
proposta de mudar a Carta Magna é uma excrescência autoritária, de
quem saiu de uma bolha e entrou desavisadamente no debate
democrático. Nesse ritmo, caminharemos para um colapso, para uma
crise de Estado.
Nas
atuais circunstâncias, seria um retrocesso mudar a Constituição
Federal. Não porque ela esteja acima de críticas. Apesar de ter um
texto extenso demais, abarcar uma infinidade de assuntos que poderiam
muito bem ser objeto de legislação ordinária e criar uma série de
direitos sem deveres correspondentes, há de se admitir que a
proposta apresentada para convocar uma nova Constituinte é
totalmente infundada.
A
ideia vem de uma leitura mágica da realidade brasileira atual. É
uma proposta superficial que está sendo testada como balão de
ensaio. Falta
um debate honesto e racional sobre a questão. Num momento de
turbulência, necessitamos de um ponto de apoio sólido. Querer uma
nova Constituição em um momento sensível, de intempéries, é
levar o Brasil a instabilidade total.
A
Carta Magna de 1988 é filha de seu tempo. Após a redemocratização,
era sumamente necessário dar ao Brasil uma nova Constituição e,
como reação aos 21 anos de autoritarismo, os constituintes buscaram
consagrar no texto todos os direitos que puderam conceber, muitos dos
quais haviam sido tirados dos brasileiros durante a Ditadura.
Com
ela, o país mudou nos últimos 30 anos. Evoluímos na compreensão
do funcionamento das contas públicas e identificamos as
bombas-relógio fiscais que podem comprometer o Estado brasileiro no
futuro. Dobramos uma esquina importante no combate à corrupção.
Por
enquanto, a atual Carta Magna traz os mecanismos que permitem sua
alteração em diversos pontos, podendo estes serem modificados para
que ela se torne mais enxuta, equilibrando melhor os direitos e
deveres, plenamente adaptada à realidade atual, com o respaldo da
vontade popular.
A população, pode e deve mudar urgentemente a atual e Maldita carta Magna,atualizando-á a realidade atual
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