ANTONIO CARLOS LUA
Se a temperatura continuar subindo no ritmo acelerado das últimas décadas, o impacto do aquecimento global será desastroso e poderá levar ao colapso da civilização e à 6ª extinção em massa das espécies. Caminhamos para uma situação inédita nos últimos 5 milhões de anos. A Terra está sob ameaça. O tempo é curto para evitar o pior. Sem uma ampla rede ecológica não haverá mais vida evoluída no Planeta. Sem estabilidade climática o céu pode se tornar um inferno.
Não existe futuro para a humanidade se o planeta se tornar uma “Terra estufa”. Poderemos ter o mesmo destino dos dinossauros se não fizermos uma séria autocritica e um rápido redirecionamento do modelo de produção e consumo hegemônico.
Para uma civilização cujo desenvolvimento é medido em milênios, 20 anos é um período que não representa praticamente nada. Certamente, não deveria ser suficiente para devorar um planeta inteiro, mas, infelizmente, é para isso que estamos caminhando. As previsões de cientistas não são nada animadoras para a humanidade. No espaço de uma ou duas gerações poderemos tomar o caminho da autodestruição.
As atividades humanas estão destruindo os ecossistemas, conduzindo a própria humanidade a uma crise global, sem precedentes. Estamos provocando um dano irreversível ao planeta Terra. Com mais um passo errado atingiremos os limites de tolerância da biosfera. Para evitar o colapso do sistema Terra – com o ser humano incluído – será necessário uma mudança drástica na gestão dos recursos terrestres.
Não é um alarmismo com viés catastrófico-ficcional. Vários cientistas norte-americanos e europeus – inclusive ganhadores do prêmio Nobel – alertam sobre os sinais claros de que estamos seguindo ladeira abaixo, rumo a um percurso insustentável. Estudos recentes registram progressos na redução de compostos químicos responsáveis pelo buraco de ozônio, no aumento da produção de energia a partir de fontes renováveis, no declínio da fertilidade e da taxa de desmatamento, que passou de 0,18% para 0,08%.
É grave a situação dos recursos hídricos ‘per capita’, que diminuíram em 26%, desde o ano de 1992. Isso significa que em algum lugar alguém provavelmente ficou sem água. Continuam a diminuir os estoques de pescado, embora o ‘boom’ da aquicultura tenha dado algum fôlego para os oceanos. Aumentam dramaticamente, as "zonas mortas" marinhas.
Milhares de quilômetros de costa tornaram-se estéreis pelo afluxo de poluentes originados pelo setor agropecuário, como, por exemplo, os fertilizantes para a agricultura.
Hoje, estamos derrubando menos árvores, mas ainda assim perdemos 122 milhões de hectares de florestas em 25 anos, dizendo um não a um dos melhores seguros contra o aquecimento global. Disso decorre – segundo especialistas – o problema da atmosfera, aquecida por emissões de gases de efeito estufa que aumentaram implacavelmente em 62% em vinte anos. Tudo isso causou um aumento na temperatura média global na Terra na margem 167%, e repercute sobre nossos coinquilinos do reino animal. Desde 1992, perdemos mais de 29% das espécies, entre mamíferos, anfíbios, répteis, peixes e aves.
Os cientistas insistem em dizer que para superar essa longa descida rumo ao colapso é crucial a redução da taxa de crescimento da população humana, que aumentou em dois bilhões em 25 anos, equivalente a um aumento de 35%. O último relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que o mundo tem menos de 12 anos para evitar um colapso ecológico, pois para que a meta mais ambiciosa de 1,5°C seja atingida, as emissões de gases de efeito estufa pelas atividades antrópicas teriam que ser reduzidas em cerca de 45% até 2030, chegando a zero por volta de 2050.
Se o aquecimento global continuar no ritmo atual, a civilização estará no rumo de uma catástrofe. E o mais grave é que a autodestruição humana pode levar junto milhões de espécies que nada tem a ver com os erros egoísticos dos seres que se julgam superiores e os mais inteligentes. A humanidade pode estar rumando para o suicídio, podendo também gerar um ecocídio e um holocausto biológico de proporções épicas. Há uma luta contra a natureza.
Desde que entrou na Modernidade, o homem imagina ser o proprietário do Planeta deflagrando uma guerra contra a vida. Quem destrói a natureza destrói a si mesmo. É como cortar o galho da árvore sobre o qual estamos sentados. Não temos outro Planeta para emigrar.
Apenas este nos foi dado. Vivemos em uma casa de vidro, e, em uma casa de vidro, antes de atirar pedras, é preciso pensar bem. Temos que frear a mudança climática. Se assim não fizermos tornaremos a Terra uma enorme pilha de escombros, desertos e lixo. Até 2050, calcula-se que até 700 milhões de pessoas tenham sido deslocadas devido a questões ligadas a recursos terrestres escassos.
O número pode chegar a 10 bilhões até o final deste século.A última vez que a temperatura ultrapassou os 2º C, no Planeta, foi no período Eemiano (há cerca de 120 mil anos). Tudo indica que a temperatura no Século XXI vai ultrapassar os 2º C em relação ao período pré-industrial. Os prejuízos poderão ser incalculáveis.
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