Por Antonio Carlos Lua
Seguindo a ideologia política
da escola neoliberal brasileira, o Governo Federal tenta impor aos brasileiros
o "estado mínimo", forjando o chamado "Rombo da Previdência”,
com a lógica de que sem a aprovação de uma reforma no sistema de seguridade
social, não haverá dinheiro para pagar a aposentadoria, colocando o trabalhador
como o burro da “Fábula de La Fontaine”, sendo ele sempre o culpado de tudo.
Propagandear contra a
Previdência Social e desacreditá-la com o passionalismo de uma ofensiva
publicitária que raia pela chantagem, vem sendo o mais significativo dos feitos
maléficos do atual Governo, que aponta um “rombo” de cerca de R$ 258,7 bilhões,
no sistema previdenciário.
O Governo Federal tenta
empurrar a reforma sem considerar os números e sem explicar que as dívidas
previdenciárias de governos estaduais e municipais, empresas e fundações
alcançaram, no ano passado, R$ 426 bilhões, e que o desvio de recursos públicos
para promover a farra das isenções fiscais concedidas a empresas retiraram da
seguridade social recursos na ordem R$ 230 bilhões.
O fato de termos 20% das
contribuições desviadas para o Orçamento Fiscal e o pagamento da dívida com
juros altos, em proporções insuportáveis, afetaram também a Previdência Social.
É inacreditável que gastemos o equivalente a 100% do Orçamento com juros e
apenas 30% com Seguridade Social.
Mesmo com a contestação de
conceituados especialistas e da própria Associação Nacional dos Auditores
Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), o Governo insiste em apresentar a
reforma como panaceia para o déficit fiscal, ignorando as pessoas por trás dos
números e seus direitos de aposentados, pensionistas e beneficiários.
O Brasil tem um problema
crônico de desvio de recursos destinados ao financiamento da Previdência, que
sempre foi o “Caixa 2” dos sucessivos Governos, desde Juscelino Kubitschek
(1956/1961), que direcionou verbas da instituição para Brasília prometendo
devolvê-las, mas morreu sem cumprir a promessa.
Um rio de dinheiro, cuja cor
os segurados nunca viram e jamais verão, e cujo montante é hoje impossível
avaliar, sobejaram e foram desviados para a implantação de megausinas
hidrelétricas, passando pela abertura de estradas como aquela onde os
caminhões hoje atolam aos milhares.
O sistema previdenciário brasileiro está sustentado em pilares tanto econômicos quanto sociais, de forma
que qualquer pretensão de mudança deve seguir planejamento equilibrado, com transição gradativa, considerando os seus limites e respeitando o núcleo
central da proteção social.
Previdência não é imposto, mas
contribuição para beneficiar o trabalhador, sendo o Governo Federal seu fiel
depositário. Em qualquer circunstância, quando um fiel depositário foge à sua
responsabilidade ele é obrigado, pela lei, a repor o desviado.
Maravilhoso texto.
ResponderExcluirÉ Dr.e o pior é que os contribuintes assistem tudo como meros coadjuvantes, quando na verdade são os atores principais
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