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domingo, 26 de novembro de 2023

Jornalismo, justiça e cidadania


 
ANTONIO CARLOS LUA

Temos assistido nestes finais de tempo um deboche geral aos princípios formadores da lei, gerando o enfraquecimento da cidadania e a distorção da própria moral, com a incoerente defesa de conceitos que marcam negativamente a democracia, criando uma frustração que compromete os prognósticos de um futuro saudável.

Assim, não podemos hesitar em dizer que o reduto derradeiro de todas as expectativas de mudanças no campo da cidadania ainda está no Jornalismo, que tem a missão de defender e mostrar a verdade de forma independente e altiva, não se curvando diante dos arbítrios que violam a democracia, em assustadores acontecimentos que tonificam e robustecem os noticiários.

Vigilante, o Jornalismo tem a força de fazer imperar a justiça, vendo a lei como o único parâmetro saudável de convivência social, funcionando com autonomia diante dos poderosos e infratores que tentam infringir a ordem legal e as diretrizes constitucionais em vigência no país.

Esta deve ser a tônica do comportamento de todos os profissionais de imprensa como arautos primeiros da verdade a ser levada no seu testamento cívico aos cidadãos, não prescindindo jamais do poder simbólico do Jornalismo de agendar, enquadrar temas e fomentar o debate na sociedade.

Onde? Quem? Quando? Por quê? Como? É comum pensar que a atribuição do Jornalista é apenas responder a essas perguntas, embora o seu potencial não seja apenas o de informar sobre os fatos, mas também o de ter uma prática horizontalizada, democrática em constante diálogo com a sociedade, exercendo o seu papel de decodificar a informação, para provocar a reflexão e o debate.

Cabe ao Jornalista ter uma relação dialógica com o leitor e, dessa forma, levá-lo a esclarecer os fatos, para que ele possa elaborar a sua própria reflexão como testemunha do seu tempo, dando voz a grupos marginalizados e subrepresentados na sociedade.

Jornalismo de verdade se faz optando pela informação de qualidade e assumindo efetivamente a agenda do cidadão, separando a notícia do lixo declaratório. O centro do debate tem que ser sempre o cidadão, permitindo à sociedade uma análise dos eventuais descompassos nas questões sociais, políticas, econômicas e culturais.

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