Por Antonio Carlos Lua
Com um Congresso desmoralizado e partidos políticos que não representam
ninguém, uma reforma política nesse momento não vai atender ao clamor da
sociedade por mudanças nesse grande caldeirão de aprendiz de feiticeiro que não
se preocupa com os efeitos colaterais de seus experimentos.
A reforma que nos apresentam é um arremedo e não oferece as mínimas
condições políticas de passar o Brasil a limpo. Na atual conjuntura, ela beneficiará
apenas a 'República de Temer', que tomou de assalto o Estado e agora controla o
Congresso Nacional, manifestando uma característica absolutista como revelam os
exemplos recentes e bem significativos desse resquício de poder imperial.
No projeto de reforma engendrado hoje no Congresso Nacional não se
cogita sequer um debate sério sobre a falência dos partidos políticos, cuja atuação
no Brasil vem resumindo-se apenas à defesa de interesses eleitoreiros com a prática do clientelismo em arranjos
pragmáticos e casuísticos.
Esses partidos – que têm atuação duvidosa como canal de representação
dos segmentos da sociedade civil – visam apenas os benefícios que a criação de legendas traz consigo, como, por
exemplo, os recursos do Fundo Partidário e o direito a tempo de Rádio e
TV, que hoje é uma preciosa moeda de troca em negociações eleitorais, capazes de
garantir cargos e poder.
São legendas de aluguel, facções, grupos ambiciosos, fisiológicos, em
busca do controle exclusivo de pedaços da “esfera pública” para suas
clientelas, usando instrumentos retóricos para chegar ao poder, causando efeitos
maléficos na política.
Nesse momento, só serve aos brasileiros uma reforma política que venha
ser realmente a travessia para um regime legítimo, popular, representativo, que
reconstrua a ordem constitucional-democrática comprometida com a emergência das
massas.
Certamente, ela não virá sem luta, pois é exatamente o processo da conquista que transforma o jeito de fazer política, alterando as correlações de força e não apenas fazendo a inserção de algumas combinações de palavras em folha de papel para se garantir um milagre diante de nossa tragédia continuada.
Uma verdadeira reforma política dependerá da organização popular e de novas direções e comandos. A luta política democrática é o caminho para que a vontade popular de alterar as regras do sistema político possa vir a ser respeitada.
Certamente, ela não virá sem luta, pois é exatamente o processo da conquista que transforma o jeito de fazer política, alterando as correlações de força e não apenas fazendo a inserção de algumas combinações de palavras em folha de papel para se garantir um milagre diante de nossa tragédia continuada.
Uma verdadeira reforma política dependerá da organização popular e de novas direções e comandos. A luta política democrática é o caminho para que a vontade popular de alterar as regras do sistema político possa vir a ser respeitada.
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