ANTONIO CARLOS LUA
Nós, jornalistas, somos, cada um à sua maneira, seres inquietos, confiantes e determinados, em busca do novo, do inédito. Sou mais um entre tantos crédulos na transcendência dos feitos humanos, com a crença de que, como profissionais de imprensa, podemos fazer sempre muito e mais pela democracia, por uma sociedade mais justa e bem informada.
E assim persisto com a autoestima preservada, confiante nos meus atos como profissional e esperançoso na humanidade. Sou mais Quixote que Sancho e continuo um otimista incorrigível, recusando-me a concordar com a premissa do grande escritor, romancista e saudoso jornalista Carlos Heitor Cony, de que “otimismo é má informação”.
Encontro ânimo e coragem na tensão que existe entre os sonhos e a lógica da realidade do Jornalismo, profissão que constantemente nos obriga a entabular incansavelmente novos planos diante de experiências multifacetadas.
Mais de quatro décadas se passaram desde que – egresso da Unisinos, no Rio Grande do Sul – comecei a militar no Jornalismo, experimentando as primeiras batalhas profissionais no ‘Jornal Zero Hora’, de Porto Alegre, onde aprendi a encarar, com altivez, os desafios aflitivos do Jornalismo, obsequiado por honrosas parcerias na complexa práxis comunicacional.
Chego aos 43 anos de efetivo exercício no Jornalismo ancorado, encorajado e impulsionado pela afabilidade, cortesia no trato e mãos generosas do saudoso jornalista e bispo, Dom Ivo Lorscheiter, e do padre jesuíta, professor e também jornalista, Attílio Hartmann, que compartilharam comigo seus profundos conhecimentos, dando asas ao meu humilde e provincial postular com suas insólitas e enriquecedoras orientações. A eles presto minhas mais genuínas homenagens, o meu sentimento de profundo apreço e a minha irresgatável e eterna gratidão.
Hoje, mensurando a passagem do tempo pela ampulheta das emoções, parece que foi ontem. Nesses atribulados anos de militância profissional, aprendi que na dignidade do exercício do Jornalismo estamos sujeitos a dilemas de natureza ética, política e social, exigindo exercícios de autocrítica e participação no contexto dialógico com os setores da sociedade, numa batalha longeva e venerável.
Resta-nos, assim, transpor a retórica e – norteados pelos paradigmas e princípios de uma imprensa livre, justa e verdadeira – cumprir a nossa missão de ser os olhos e ouvidos da sociedade num contexto em que a verdade tem que ser posta à prova, num momento turbulento da vida nacional, onde as opiniões obsessivas daqueles que apostam na falência do país subvertem a verdade, prestando um desserviço à história.
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