A atual conjuntura política nacional remonta ao Brasil da década de 1930, quando o historiador e jornalista Sérgio Buarque de Holanda escreveu o livro ‘Raízes do Brasil’, mostrando que o nosso país “é um campo em que as plantas crescem, mas não se sustentam".
É uma obra que até hoje provoca muita polêmica, trazendo males históricos do Brasil, não podendo, no entanto, ser vista como uma caixa de pandora.
'Raízes do Brasil' é um clássico, um livro aberto, que tem sido recepcionado de forma diferente a cada geração, por analisar o Brasil abordando todas as tensões políticas que permeiam a nossa sociedade, desde o início da sua história.
Muita coisa aconteceu na história do Brasil desde o lançamento de ‘Raízes do Brasil’, em 1936. Entretanto, o livro ainda traz um substrato que nos fornece elementos para analisar e identificar no Brasil de hoje uma conjuntura semelhante àquela época.
É por isso que é uma obra potente, fornecendo chaves de leitura e elementos importantes para analisarmos o vazio da política representativa que se observa atualmente.
É por isso que é uma obra potente, fornecendo chaves de leitura e elementos importantes para analisarmos o vazio da política representativa que se observa atualmente.
Quando o livro foi lançado havia no plano nacional uma pergunta no ar sobre o pacto político, ou seja, que forma de convivência nos era reservada por uma matriz cultural em que as relações pessoais se sobrepõem a qualquer forma objetiva de se pensar o espaço público.
Na obra, Sérgio Buarque de Holanda enfatizou que “numa terra em que todos são barões não é possível um acordo coletivo durável”.
Para o historiador e jornalista, quando as relações de caráter pessoal prevalecem, os sujeitos ficam amarrados numa relação de compadrio que se constrói como a própria política.
Para o historiador e jornalista, quando as relações de caráter pessoal prevalecem, os sujeitos ficam amarrados numa relação de compadrio que se constrói como a própria política.
Getúlio Vargas – ex-presidente do Brasil, que cometeu suicídio, em 1954, durante uma intensa crise política – compreendeu isso ao erigir-se demagogicamente como figura paterna, como que preenchendo o vácuo de uma expectativa muito grande sobre um “provedor”, que desse conta das promessas não cumpridas da República brasileira.
Num plano mais global, o livro aborda um tema propriamente latino-americano e talvez mundial, ao discorrer sobre o papel do líder carismático, e como ele vem preencher o vazio da política representativa no enfrentamento dos seus próprios limites, sendo, porém, incapaz de amalgamar interesses e de fazer conviver civilizadamente as diferenças.
É nesse aspecto que está a atualidade do livro “Raízes do Brasil” nos fazendo entender que com o tempo a crise de representação política se tornou um problema permanente na democracia, quando o ódio e as polarizações abrem terreno para o ressurgimento de agendas regressivas e extremamente perigosas.
Esse fato pode ser constatado atualmente no Brasil, onde os mecanismos da democracia são utilizados contra a própria democracia. A xenofobia, o racismo e o sexismo estão vencendo uma agenda mais inclusiva com sinais fortes de que entramos num momento de exaustão.
‘Raízes do Brasil’ é um texto em movimento e comprova que a permanência de oligarquias na República brasileira tem a ver com a manutenção de privilégios numa sociedade marcada pela origem escravista com a superioridade de uns em relação a outros.
Embora seja uma evidência, essa questão continua sendo negada nos tempos atuais por aqueles que querem fazer tábula rasa da história do Brasil.
Embora seja uma evidência, essa questão continua sendo negada nos tempos atuais por aqueles que querem fazer tábula rasa da história do Brasil.
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