Começa a se concretizar no
Brasil a previsão do jurista e filósofo norte-americano, Oliver Wendell Holmes
Jr., que no polêmico artigo “The Path of the Law” (O Caminho do Direito),
publicado na Harvard Law Review, no longínquo ano de 1897, afirmou que o homem
dos velhos livros de Direito poderia até ser o jurista do presente, mas o
jurista do futuro seria o homem das estatísticas.
Com a jurimetria sendo o bom
senso da regra exata e o Direito o bom senso da esperada racionalidade, essa
visão interdisciplinar ganhou corpo no Brasil, onde já se admite a aplicação
das estatísticas para a compreensão das questões fáticas do complexo universo
jurídico, fazendo valer o pragmatismo de Oliver Wendell Holmes Jr., que como
integrante da Suprema Corte norte-americana estimulava os juízes a estudarem
estatística.
A pesquisa ‘Justiça em
Números’, desenvolvida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é um exemplo da
adesão a essa ideia de rompimento com os padrões fechados de estudos
estatísticos do Direito. Divulgada anualmente, a pesquisa tem mostrado que,
embora de natureza distinta, a jurimetria pode funcionar em perfeita harmonia
com o Direito, ajudando o Poder Judiciário a cumprir sua vocação de pacificação.
Ramo de conhecimento jurídico
que se traduz como “métrica do Judiciário”, a Jurimetria estuda os conflitos
sociais que chegam a julgamento, levantando os tipos de angústia e os motivos
que levam as pessoas a procurar o Poder Judiciário, o perfil dos demandantes e
demandados e quais são os entendimentos dos juízes a respeito das narrativas e dos
pedidos apresentados pelas partes num processo.
Cruzando dados e informações,
a jurimetria analisa o padrão de resolução aplicado aos litígios e desenvolve
um quadro demonstrativo sobre a eficácia das decisões judiciais e os possíveis
impactos de novas formas de entendimento jurídico.
Com o potencial de ampliar o
conhecimento sobre os litígios e indicar melhores formas de resolvê-los, ela
associa o Direito à estatística, mensurando os fatos relacionados aos
conflitos, para antecipar cenários e planejar condutas na atividade forense.
O entendimento é de que,
dentro de uma percepção lógica e humanista dos conflitos sociais que chegam ao
Judiciário, as relações conflituosas acabam por obedecer ao mesmo ritmo das
mudanças que se impõem pelas métricas matemáticas da vida, tendo em
vista que, no mundo moderno, tudo se equaciona e até as nossas relações são
baseadas em indicadores de qualidade.
O avanço da jurimetria deve muito ao desenvolvimento tecnológico, que facilita e amplia o acesso às informações processuais. Por trás da disciplina está uma concepção crítica do estudo tradicional do Direito, voltado para a discussão teórica de leis e princípios abstratos.
O avanço da jurimetria deve muito ao desenvolvimento tecnológico, que facilita e amplia o acesso às informações processuais. Por trás da disciplina está uma concepção crítica do estudo tradicional do Direito, voltado para a discussão teórica de leis e princípios abstratos.
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